Não havia nada nesse mundo tal aquela criatura
Ainda que o reprovassem
Jamais hesitava exacerbar a descrença. Crítico ferrenho das instituições, das corporações e ideologias, definia a existência ao declínio das teologias, das ciências e filosofias.
Ainda que o reprovassem
Era adepto ao amor. Philos, Ágape, Eros. Entendia ódio tal amor em ruínas.
Ainda que o reprovassem
Da sua sementeira voavam minúsculos grãos. Nutriam os estômagos logo após o crivo da terra. Sabia que plantar era necessário e viver não era uma escolha.
Ainda que o reprovassem
Dia desses ofertou aos pássaros e borboletas uma rosa escancarada. Dela desprenderam sorrisos de néctar.
Tudo porque ele sabia
Que amor não tem dono
Que a fé não frequenta igrejas
Que o conhecimento é um mutante vivo e sagaz.
Não havia nada nesse mundo tal aquela criatura
Quando desatava os nós com seus dedos carinhosos
Quando cobria os gelados, os mortos e os calculistas com imenso cobertor.
E não contava nada disso a ninguém. Nada. Nada.
Era ele expectador dos próprios méritos. Singular autor de seu anonimato. Singular tal as outras criaturas. E singular sabia ser.
E por isso o reprovavam.
Tudo por que sabiam
Com toda a força do mundo
Que ele odiava a hipocrisia.
wasil sacharuk