Não digas nada
preciso
mergulhar-te os confins
desse olhar diamante
estender uma ponte
unindo nossas pupilas,
não digas nada
negra
deixa-me querer
nada é impossível
as três da manhã
ainda despencam pétalas
das hastes
visito os ninhos
das garças estabanadas
pelas rotas abandonadas
pelos dias que passam
batendo as asas
preciso
tuas mãos frias
sobre minha fronte
ver tuas ancas
serpenteando dilemas
salvando meus sonhos
não digas nada
negra
agora sozinho
no escuro das estradas
pelas noites devastadas
os camaradas passam
e não dizem nada
preciso
tuas mãos frias
sobre minha fronte
e não digas nada
no meu último dia,
negra
e não digas nada
nada
wasil sacharuk